No Caminho de Santiago a paz interior é a fé de um ateu
- Artur Filipe dos Santos
- 2 de mai. de 2015
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A Xegada, esculturas de Acuña López. Foto de Artur Filipe dos Santos Filipe dos Santos
Numa das minhas incursões no Caminho de Santiago encontrei o Rafael, um peregrino que, partindo de Sevilha, pela Via da Prata, chegou no momento em que eu contemplava as esculturas de Acuña López. Logo comentamos que aquele dia as torres da catedral não seriam visíveis do Monte do Gozo, pelo intenso nevoeiro e chuva miudinha que se fazia sentir.
De forma simpática, o sevilhano pediu-me para que lhe tirasse uma foto com a sua máquina, de forma a eternizar aquele momento em que faltava já tão pouco para o término da sua aventura. Numa atmosfera que convidava ao diálogo questionei-lhe sobre os motivos da sua peregrinagem (“foram mais de 700 km a caminhar”, relatou o sevilhano), ao que prontamente me respondeu: paz interior e aprofundamento intelectual”, disse. Perguntei-lhe ainda se a espiritualidade e sentido de redenção, entre outras, seriam também objetivos da sua demanda a Compostela, ao que Rafael me confessou ser ateu, e que as razões que o levaram a percorrer a rota não faziam parte do universo religioso, mas sobretudo intelectual, meditativo, desafio físico e oportunidade de descobrir gentes e paisagens que nunca tinha vislumbrado.
São assim muitas e diferentes as razões que levam tanta gente, de credos, gerações e diferentes cultura, a pisar os diferentes Caminhos de Santiago. Mas há provavelmente uma razão que a todos une: a felicidade de alcançar Compostela.
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