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O que têm em Comum Barcelos (Caminho Português) e Santo Domingo de la Calzada (Caminho Francês)?

  • Foto do escritor: Artur Filipe dos Santos
    Artur Filipe dos Santos
  • 5 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

(Permitido a transcrição completa e parcial deste artigo com a seguinte cita Santos, Artur Filipe. O que têm em Comum Barcelos (Caminho Português) e Santo Domingo de la Calzada (Caminho Francês)?. Porto, 5 de janeiro de 2019. Disponível em https://bit.ly/2WIYLI9 Acedido a…)

Cruzeiro do Galo onde se pode ver a imagem do Apóstolo Santiago

Quem faz das rotas jacobeas matéria de estudo ou de peregrinação religiosa, cultural ou espiritual já sabe a resposta à pergunta formulada no título: O que têm em Comum Barcelos (Caminho Português) e Santo Domingo de la Calzada (Caminho Francês)? Mas quem só agora dá os primeiros passos de botas (ou sapatilhas) e bordão saiba que há muita tradição que ligam os dois caminhos mais percorridos até Compostela. E as lendas e a histórias que estão por detrás de paragens tão importantes como são Barcelos para o Caminho Central Português ou Santo Domingo de la Calzada para o Caminho Francês são eternas e para sempre ligarão a pequena cidade minhota ao povoado da comunidade de La Rioja, terra do melhor vinho espanhol.

Barcelos, cidade banhada pelo rio Cávado, que, mesmo depois depois de receber de D. Afonso Henriques carta de foral em 1177, sempre viveu à sombra da eterna “Bracara”, sede de distrito e principal cidade minhota.

Mas no que ao Caminho de Santiago de Santiago diz respeito, Barcelos ganhou a corrida, no momento em que, entre 1325 e 1328 foi construida a ponte de Barcelos sobre o Cávado, permitindo assim, de forma segura, encurtar em bons quilómetros a distância até ao sepulcro do Apóstolo Santo, desviando da sé bracarense os muitos apóstolos que rumavam a terras galegas.

Santo Domingo de la Calzada também tem um rio a banhar-lhe os pés, o Ojoa, e igualmente uma cidade que lhe faz sombra, desta feita a capital da comunidade riojana, Logroño.

Mas Santo Domingo de La Calzada (antes intitulada Masburguete) tem a particularidade de ver o seu nome ligado ao religioso castelhano Domingos Garcia que, nos finais do século XI e inícios do séc. XII tornou-se um dos principais impulsionadores do Caminho de Santiago ao promover a edificação de uma calçada de pedra desde Logroño a Burgos (daí o nome “de la Calzada”). Conhecido por ser, em Espanha o patrono dos engenheiros civis, Domingo Garcia foi ainda o mentor do primeiro albergue de peregrinos nesta localidade, onde é hoje a Casa de la Cofradia del Santo. Juntamente com o seu discípulo Juan de Ortega Santo Domingo iniciou ainda a construção de uma igreja de dedicada ao Salvador e a Santa Maria. Quando foi sepultado, a localidade cresceu em torno da sua tumba e ainda hoje lembrado como um dos grandes obreiros do Caminho de Santiago.

Barcelos, terra de oleiros, vê o seu nome relacionado com os célebres condes de Barcelos a partir do séc. XIII mas é só em 1928 que ganha a dignidade de cidade.

Mas então e a resposta à pergunta? Barcelos e Santo Domingo de la Calzada têm em comum o milagre do Galo. Neste caso a terra espanhola ganha 2-1, já que na lenda de Santo Domingo cabe um casal de galos.

Quanto à lenda de Barcelos é puro de mais conhecida. Remete-nos ao séc. XVI quando um peregrino (crê-se de origem galega) foi injustamente acusado por vários crimes e que na hora em que foi presente ao juiz proferiu as míticas palavras: “é tão certo eu ser inocente como este galo cantar”. E na hora em que o galego ia-se encontrar com a morte por enforcamento eis que o Apóstolo Santiago, em trajes de peregrino,  lhe segura os pés até o juiz chegar para o livrar da execução, depois de apavorado ter ouvido o galo assado cantar. Diz ainda a lenda que, quando o eregrino regressou de Compostel esculpiu pelas próprias mãos o cruzeiro que hoje se encontra junto ao palacete dos condes de Barcelos (atual museu arqueológico).

A de Santo Domingo de la Calzada remonta ao séc. XIV e relaciona-se com o próprio santo dos engenheiros: Ia um casal alemão com o seu filho de 18 anos em peregrinação a Compostela quando Chegaram a San Domingo de la Calzada e resolveram pernoitar numa estalagem. Ao conhecer o jovem ao jantar, a filha do estalajadeiro enamorou-se pelo rapaz, mas o infante peregrino não estava para aí virado. Furiosa pela recusa, decide vingar-se escondendo uma taça de prata na sacola do moço.  Quando a famíliagermânica encontra-se prestes a abandonar a cidade, a filha do estalajadeiro denuncia o roubo às autoridades, que revistando os pertences dos três caminhantes descobre o vaso na mala do mais n

Resultado de imagem para santo domingo de la calzada gallo

A capoeira com o casal de galos, interior da catedral de Santo Domingo de la Calzada

ovo. Prontamente o jovem é condenado à forca no mesmo dia. No dia seguinte quando os pais visitam o corpo do filho pela última vez antes de seguir caminho encontram-no vivo. Com a felicidade estampada no rosto o jovem disse: “o bem-aventurado Santo Domingo de la Calzada conservou-me a vida perante a rudeza da corda. Hi-de e dai conta deste milagroso prodígio!”. E assim fizeram. Os pais correm a contar ao regedor da cidade mas este não acreditou. Rindo-se de tal notícia o regedor vociferou: “é tão certo o vosso filho estar vivo como este galinha e este galo assado que vou comer estarem vivos também!” E milagre: o galináceo casal de repente ganhou penas novamente e desataram a cacarejar por todos os lados comprovando a nova trazida pelos pais do enforcado agora vivo.

Certo é que ainda hoje se conserva, para espanto de todos que visitam Santo Domingo de la Calzada, numa capoeira improvisada, um casal de galos no interior da Catedral de Santo Domingo.

Não se esqueça, toda a lenda tem um fundo de verdade, acredite ou não.

 
 
 

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