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Reino Unido: Até quando?


Eleições para o Parlamento de Edimburgo

A Independência da Escócia Conhece Hoje muito do Seu Futuro

Esta quinta-feira, 6 de maio, os quase seis milhões de escoceses decidem nas urnas se mantém a confiam na atual “firts-minister” Nicola Sturgeon e o partido que representa, o SNP-Scottish National Party.

Mais do que decidir a continuidade de um governo nas mãos do SNP (no poder desde 2007), nesta “super quinta-feira”, o país de William Wallace, Rob Roy, dos kilts e das gaitas de foles, escolherá se devolve à agenda mediática as pretensões crescentes de independência, agora que o “reino de Sua Majestade” abandonou a União Europeia.

Sturgeon, que, em 2014, sucedeu a Alex Salmond que se demitiu no rescaldo da derrota do referendo à independência escocesa, sempre se mostrou pouco convencida com os resultados do plebiscito que deu a vitória ao “Maintain” por apenas cinco pontos percentuais (o “SIM” à independência conquistou 44 por cento).

Na altura, o SNP justificou o resultado acusando Westminster de pressionar os escoceses com a questão da União Europeia: caso a Escócia se tornasse independente, o Reino Unido (RU) vetaria sempre a entrada dos vizinhos do norte na União.

Os escoceses sempre se mostraram europeístas convictos, desde os tempos em que Margaret Thatcher se opunha ferozmente à entrada do RU na então CEE (Comunidade Económica Europeia). Agora que Boris Johnson empurrou a Grã-Bretanha para fora da família europeia, num processo conturbado, que ainda hoje se arrasta até ao desfecho de um acordo comercial entre Londres e Bruxelas que, muito provavelmente manterá a questão sensível da fronteira entre as Irlandas, ao que se junta os protestos dos pescadores e agricultores escoceses que viram a sua atividade prejudicada pelo “Brexit”.

E a realidade espelhada pelo referendo de 2016, que ditou, quatro anos depois, o abandono, quatro décadas desde a adesão ao “desígnio europeu”, resultou num novo fôlego às pretensões independentistas: das três nações que compõem o Reino Unido, Inglaterra, o País de Gales e Escócia e ainda o território da Irlanda do Norte, os dois países da lista afirmaram, com pouca margem, o “sim” ao Brexit, enquanto que a Escócia votou maioritariamente no “Não”, com 62 por cento dos eleitores a reiterarem o seu compromisso com o projeto europeu.

Estava dado o mote para a cisão do Reino Unido, que pode muito bem colocar em causa, num futuro próximo, a sobrevivência da Grã-Bretanha enquanto nação a uma só voz.

Muitas são as vozes que se ouvem em Glasgow, Abardeen, Edimburgo e pelas Terras Altas da Escócia que referem que apenas a mensagem unificadora e o exemplo de serviço demonstrado pela monarca Isabel II mantém, ainda que de forma ténue, o elo selado em 1707 entre a Escócia de Jaime VI e a Inglaterra do mesmo rei, que passaria para a história como Jaime I do Reino Unido (mas até quando?).


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Doutorado em Comunicação e Património pela Universidade de Vigo, é professor universitário e investigador no ISLA-Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia e membro do ICOMOS - International Council of Monuments and Sites. Especialista do património cultural e dos Caminhos de Santiago, é o autor do blogue “O Meu Caminho de Santiago” e autor de vários artigos e palestras sobre a tradição jacobeia.


Dos Santos, Artur Filipe (2021). Reino Unido: Até quando? Disponível em: https://www.draft-worldmagazine.com/post/reino-unido-ate-quando

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