Quando S. Jorge destronou Santiago

(Permitido a transcrição completa e parcial deste artigo com a seguinte cita Santos, Artur Filipe (2021). Quando S. Jorge Destronou Santiago. Disponível em  https://omeucaminhodesantiago.wordpress.com/2021/04/24/quando-s-jorge-destronou-santiago. Acedido a…)

A 23 de abril celebra-se o dia de S. Jorge. Também recordado como Jorge da Capadócia ou de Lida, terá sido martirizado em Nicomédia, no ano de 303 da nossa era. Venerado pelo exército português desde os tempos da batalha de Aljubarrota, substituindo Santiago Maior, à época o máximo patrono de Castela.

Para marcar autonomia em relação aos beligerantes vizinhos, o mestre de Avis, futuro D. João I, devoto desde sempre de S. Jorge, escolhe este mítico santo para novo padroeiro, como forma, também, de agradecer ao contingente inglês que apoiou o Condestável na famosa peleja luso-castelhana.

Até 1934 foi o padroeiro nacional, acompanhado desde 1640 pela padroeira Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, a quem outro João, desta feita D. João IV, ofereceu a coroa de Portugal. A partir da terceira década do séc. XX S. Jorge por sua vez substituído por Santo António de Lisboa.

É o patrono de Inglaterra desde que Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira (The Most Noble Order of the Garther), a mais antiga ordem de Cavalaria do mundo. O monarca, também conhecido por ser o principal mentor da Guerra dos 100 Anos, inspirado pelas lendas arturianas, introduziu a cruz vermelha de S. Jorge no brasão da nova ordem, cruz essa que ainda vigora na bandeira inglesa e na “Union Jack” do Reino Unido. Nas terras de sua Majestade nasceu a iconografia do santo como “dragon slayer”, através de uma lenda que nos conta que Jorge afinal teria nascido na ilha dos bretões e que se teria apaixonado por uma princesa, de seu nome Sabra, e o resto da “canção” é puro demais conhecida.É também o Santo de maior veneração na Etiópia, nas cidades da Corunha e Rio de Janeiro e na comunidade autónoma da Catalunha.